Os flamengos estavam em contato com a Itália
desde o século XV, mas somente no século XVI o contexto se transforma e
se caracteriza como renascentista, tendo uma vida relativamente curta.
Nesta fase a região enriquece, a Reforma Protestante
se torna uma força decisiva, oposta à dominação católica de Carlos V,
levando a conflitos sérios que dividiriam a área. As cidades comerciais
de Bruxelas, Ghent e Bruges estreitam os contatos com o norte da Itália e encomendam obras ou atraem artistas italianos, como os arquitetos Tommaso Vincidor e Alessandro Pasqualini,
que passaram a maior parte de suas vida ali. O amor pela gravura trouxe
para a região inúmeras reproduções de obras italianas, Dürer deixou uma marca indelével quando passou por lá, Erasmo mantinha aceso o Humanismo e Rafael mandava executar tapeçarias em Bruxelas. Vesálio faz avanços importantes na Anatomia, Mercator na Cartografia e a nova imprensa encontra em Antuérpia e Leuven condições para a fundação de editoras de larga influência.
Na música os Países Baixos, junto com o noroeste da França,
se tornam o centro principal para toda a Europa através da Escola
franco-flamenga. A pintura desenvolve uma escola original, que
popularizou a pintura a óleo
e dava enorme atenção ao detalhe e à linha, mantendo-se muito fiel à
temática sacra e incorporando sua tradição gótica às inovações
maneiristas italianas. Teve em Jan van Eyck, Rogier van der Weyden e Hieronymus Bosch
seus precursores no século XV, e logo a região daria sua contribuição
própria à arte européia consolidando o paisagismo através de Joachim Patinir e a pintura de gênero com Pieter Brueghel o velho e Pieter Aertsen. Outros nomes notáveis são Mabuse, Maarten van Heemskerck, Quentin Matsys, Lucas van Leyden, Frans Floris, Adriaen Isenbrandt e Joos van Cleve.[55][56]
A Alemanha impulsionou seu Renascimento fundindo seu rico passado gótico com os elementos italianos e flamengos. Um de seus primeiros mestres foi Konrad Witz, seguindo-se Albrecht Altdorfer
e Dürer, que esteve em Veneza duas vezes e foi lá profundamente
influenciado, lamentando ter de voltar para o norte. Junto com o erudito
Johann Reuchlin,
Dürer foi uma das maiores influências para disseminação do Renascimento
no centro da Europa e também nos Países Baixos, onde suas célebres
gravuras foram altamente elogiadas por Erasmo, que o chamou de "o Apeles das linhas negras". A escola romana foi um elemento importante para a formação do estilo de Hans Burgkmair e Hans Holbein, ambos de Augsburgo, visitada por Ticiano.[57][58] Na música basta a menção a Orlande de Lassus, um integrante da Escola franco-flamenga radicado em Munique que se tornaria o compositor mais célebre da Europa em sua geração, a ponto de ser nobilitado pelo imperador Maximiliano II e tornado cavaleiro pelo papa Gregório XIII, algo extremamente raro para um músico.
Gregor Erhart: Madalena, século XV. Louvre
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